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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ocupado

Ela estava há horas parada naquele mesmo lugar. Tinha ligado antes de vir, mas não obteve resposta. Resolveu ir do mesmo jeito.

A rua estava vazia, o que não era comum para aquela região, mas ela ignorou.

Bateu os nós dos dedos na porta pela primeira vez e esperou. Esperou até não poder mais e bateu novamente. E outra vez. Com mais força; com a mão toda; com o pé, quando já estava de saco cheio.

Sentou-se em frente a entrada da casa, cansada. O sol batia forte na alma, mas ela não fechava os olhos. Tentou ligar novamente, mas mais uma vez ninguém atendeu.

Precisava dizer alguma coisa, mas nem se lembrava o que era. Chegou à conclusão de que falaria qualquer bobagem que viesse a cabeça, só por falar, só para lembrar. Apenas desejando ouvir sua voz. Queria saber se ainda sentia saudade. Queria saber se ainda seria quente e delicado aos ouvidos.

Sentia falta da sensação de calor e proteção, de brincadeiras bobas para se distrair da rotina chata do trabalho.

Bateu novamente, agora sem tanta força. Não que ela estivesse desistindo, apenas não tinha mais forças, uma coisa comum de todo ser humano. E ela é tão humana!

Encostou o ouvido na porta e prendeu a respiração, esperando ouvir um suspiro que fosse. Esperou até o rosto ficar roxo, até o corpo gritar por oxigênio.

E respirou novamente porque precisava ir para casa.

Enquanto se despedia em silêncio, aguardava a hora de voltar e tentar novamente. Porque ela sabia que ele estava lá, em algum lugar. Apenas ocupado demais para ouvir.

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