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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eu queria ser Paula

A Paula era uns dois anos mais velha que eu. Não lembro bem minha idade na época, mas, se não me engano, eu estava na quarta e ela estava na sexta série.

Nunca fui amiga da Paula. Eu ficava sentada no meu canto, observando o jeito da garota falar, andar, gesticular. Não sei, eu a achava legal. Eu admirava a Paula, vai saber o por quê.

Acho que ela era meio rebelde e lembro que só andava com meninas mais velhas. Tinha a voz rouca e eu acho voz rouca a coisa mais linda que uma mulher pode ter, mais sensual que bunda, peito, coxa. Mas isso é assunto para outro post.

Naquela época, minha tia me contou que ela cantava. Eu também cantava, mas ela tinha a rouquidão. Enquanto eu era Sandy, Paula era Cassia Eller. Paula era Pagu, era fodona. A Paula transava e falava palavrão. Não que eu tivesse vontade de transar ou falar palavrão quando estava na quarta série, mas a Paula era quase um livro para mim, era a coragem de ser quem ela queria ser. Ela podia.

Paula fumava. Ou não fumava, nem me lembro. Mas, se não fumava antes, aposto que hoje ela fuma, só porque é a cara da Paula!

Paula tinha o cabelo mais lindo e o sorriso mais sincero, daqueles que aparecem a qualquer hora do dia, assim, sem motivo. Ela também fazia teatro.

Eu não a vejo há muito tempo, não sei mais quem é. Acho que faz cinema e usa maconha com os amigos ouvindo jazz e dançando pela sala de pés descalços.

Não gostaria da Paula na igreja ou na administração. Seria chato, seria velho, não seria Paula.

Ela não deve namorar porque não acho que curte compromisso sério. Paula é mulher plena, não aceita porrada de homem, nem de mulher. Ela parte pra cima, mas nunca arma barraco.Paula deve saber ser discreta e entender de alguma coisa tipo vinho ou Chico Buarque. Talvez os dois.

Quem é Paula que eu não sei? Nunca soube. Nunca vou saber.

Não conheci a Paula de verdade, mas criei mil histórias, roteiros de filmes e livros para tentar descobrir. Qualquer dia eu faço uma música sobre a Paula. Se é que já não fizeram por mim.
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Rock Pub Baby

Uma noite quase qualquer em algum Pub de São Paulo. A música ainda estava baixa, não passava das 22h.

- Você e ela?

- Ah, você sabe, a gente está assim.

Ela sorriu.

- Vocês vão ficar juntos no final, eu sei. Vocês formam um casal bonito... e tem a bebê também,vocês são uma família linda!

- É, eu sei. Nós vamos ficar juntos, só precisamos de um tempo, conhecer outras pessoas, aproveitar.

- Pode não ser hoje, nem amanhã...

- Um dia.

Eles sorriram. Era o primeiro Sex On The Beach da vida dele.


*O título desse post é o nome de uma música da banda Vivendo do Ócio. Clique aqui para ouvir, cortesia da casa :)
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