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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Amanheceu

Se fosse um conto do Caio Fernando Abreu, ele descreveria mais ou menos assim: calor, saliva e suor.

A poesia viria em forma de carinho no braço, ou quando ele para pra tirar um fio que teima em cair em seu rosto, ou quando fala qualquer coisa com voz de menino. Pede, com voz de menino. E aí você atende.

 “Saliva, suor e calor", diria Caio Fernando Abreu, que entendia de amores intensos, os que acabam e os que acabam de começar.
Ela andou falando tanto com Caio que por um momento acreditou ter se tornado mais um de seus personagens. Bobagem! Essa é a vida real batendo à porta e mandando que aproveite.

E a vida você não ignora, você vive.

     “Então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para liberar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és e unicamente assim é que me queres e me utilizas todos os dias, e nos usamos honestamente assim” 

                                           Caio Fernando Abreu; Os dragões não conhecem o paraíso 


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